Tocou-lhe a criança subitamente e ao de leve o joelho. Aquele toque subtil e leve lembrou-a dos toques que não recebia há tanto tempo. É verdade, bem dizia o poeta, as crianças são o melhor do mundo!
O toque despertou uma série de entendimentos e ideias repetidas. A dança, o corpo, barra-chão. Quando sentes o corpo, existes! Quando alguém te toca, te abraça, te põe a mão no ombro, existes e não estás mais só. O toque cura.
Sentir o corpo também. A dor nas aulas de exercício físico, feitas com gosto, transferem e materializam as dores subtis e não físicas. Hurts so good.
A música de fundo é marcada pelo piano e, frente ao espelho, sorrimos, de perna aberta e afastada, pés em ponta, tronco direito e a crescer, a cabeça toca no tecto e os ombros no chão. A barriga nas costas. Os braços elevados aos céus, alinhados pelas orelhas, força nas pernas e agora, os calcanhares saem do chão!
Força nas pernas, nas raízes, centro com a barriga contraída e braços ao céu. Terra, humano, Céu. Cima, meio, alto. A união.
Adoro as aulas de barra chão da Mafalda Sá da Bandeira.
Como ando meia eremita, nas aulas balletizadas volto a existir e com que graciosidade e elegância naquele espelho.
Aqui lhes presto a minha gratidão. À Mafalda e às crianças.
Porque me fazem sentir, e sentir é viver e viver é amar e morrer.
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