Onde a pontinha do salgueiro se debruça na água, um girino encontrou uma lagarta. Um olhou nos olhinhos do outro... e os dois se apaixonaram.
- Eu amo tudo em ti - disse o girino.
- Eu amo tudo em ti - falou a lagarta.
- Promete que nunca vais mudar...
- Eu prometo - ele respondeu.
Mas tão certo quanto o tempo muda, o girino não conseguiu manter a sua promessa. Quando se encontrou de novo com a lagarta, duas pernas tinham nascido nele.
- Quebraste a tua promessa - disse a lagarta.
- Perdoa-me - pediu o girino - eu não pude evitar. Nem quero estas pernas... Tudo o que quero é o meu belo arco-íris.
- Tudo o que quero é a minha brilhante pérola negra. Promete que nunca vais mudar... - pediu a lagarta.
- Eu prometo - ele disse.
Mas tão certo quanto as estações mudam, quando eles se encontraram de novo, dois braços tinham nascido no girino.
- É a segunda vez que quebras a tua promessa! - exclamou a lagarta.
- Desculpa-me - implorou o girino - nem quero estes braços... Tudo o que quero é o meu belo arco-íris.
- Tudo o que quero é a minha brilhante pérola negra. Vou te dar uma última chance - disse a lagarta.
Mas tão certo quanto o mundo muda, o girino não conseguiu manter a sua promessa. Quando se encontraram de novo, ele já não tinha cauda.
- Quebraste a tua promessa três vezes, e assim acabas de partir o meu coração - disse a lagarta.
- Mas tu ainda és o meu belo arco-íris - falou o girino.
- Mas tu já não é mais a minha brilhante pérola negra. Adeus.
Ela rastejou galho acima no salgueiro, e chorou até dormir.
Numa noite enluarada e quente, ela acordou. O céu tinha mudado. As árvores tinham mudado. Tudo mudara... menos o amor dela pelo girino. Mesmo ele não tendo cumprido a promessa, ela decidiu perdoá-lo. Agitou suas asas e saiu borboleteando atrás dele.
Onde a pontinha do salgueiro se debruça na água, um sapo estava sentado numa vitória-régia.
- Com licença - a borboleta se aproximou e disse:
- Você viu a minha brilhante pérola...
Mas antes que ela pudesse dizer "negra", o sapo deu um pulo e a engoliu, de uma só vez.
E ele continua lá, esperando... pensando com carinho no seu belo arco-íris... se perguntando onde ele andará.
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